Agilidade… Quais as verdades sobre esse assunto!

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Todos nós que trabalhamos com projetos, seja levantando requisitos, arquitetando o produto ou serviço, desenvolvendo e testando, já ouvimos falar no tal milagre da Agilidade. As frases que ouvimos são sempre as mesmas: “quem trabalha com agilidade é mais feliz”, ” quem trabalha com agilidade tem mais amigos”, “quem trabalha com agilidade gosta do que faz” entre outras. Mas será que isso tudo é verdade? A Agilidade tem todo esse poder? Vamos desenvolver essa resposta juntos.

Há muitos anos atras, eu trabalhei desenvolvendo projetos em cascata ou waterfall. No inicio eu gostava, porque me sentia confortável para trabalhar. Tinha uma apostila do meu lado com todos os passos para eu documentar e trabalhar com um projeto, chamado PMBOK. Com o passar dos anos comecei a questionar as formas de se fazer um projeto utilizando tal metodologia. Gastava horas numa ferramenta controlando o tempo de cada fase do projeto. Profissionais eram tratados como recursos e eu tinha ficar brigando para ter eles no meu projeto. Sem contar a quantidade de papéis gerados dentro e fora da empresa. Muito desperdício de tudo: tempo, dinheiro e esforço.

Por fim, cansada de trabalhar dentro desses padrões foi que eu comecei a buscar algo diferente para estudar e aprender. Algo que eu pudesse motivar as pessoas a desenvolverem projetos comigo, sem que eu tivesse que comprar um software com uma empresa “bam bam bam” do mercado e sem ter que gerar N documentos para comprovar que eu estava trabalhando. Nessa busca dois grandes amigos me ajudaram; Luiz Eduardo Mendes me deu uma página de uma revista que falava sobre alguns experimentos com Scrum para gerenciar projetos. Ronaldo Chaves me apresentou um livro sobre Lean que falava sobre desenvolvimento enxuto de software. Luiz Eduardo Mendes e Ronaldo Chaves realmente salvaram a minha vida profissional e eu agradeço muito a eles até hoje 🙂

Os assuntos que li foram só o ponta pé inicial para eu sair estudando tudo que dizia a respeito de Scrum, Kanban, XP, Lean, Coaching, Facilitação… eram muitas informações, livros, artigos, sites… mas tudo fazia muito sentido pra mim. O framework era perfeito com todas fases do projeto, documentações, práticas, dinâmicas, interações humanas (vide imagem no inicio desse post) e o XP (Extreme Programmimg) me mostrava como gerir ambientes ágeis. Metodologia Ágil não prescritiva, ou seja, não tem uma “bula” pra você seguir. Logo, você pode adaptar para trabalhar com diferentes produtos e serviços. Fascinante, não?! … Fiquei muito motivada a praticar tudo o que eu tinha visto e foi aí que comecei a ter problemas… Vou explicar!

A empresa que eu trabalhava fazia projetos waterfall/cascata há mais de uma década e jamais tinham experimentado algo novo ou diferente. Só para vocês terem noção, as metodologias waterfall e ágil tem pontos de interseção, mas no dia-a-dia elas são muito diferentes. Abaixo coloquei uma figura que mostra a diferença entre ambas (para dar zoom basta clicar sobre a figura):


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Bom, o que eu pensei de imediato foi aplicar em casa, com atividades que eu tinha que fazer. Fiz um quadro no azulejo da cozinha e coloquei todas as atividades que eu precisava fazer naquela semana e essa foi a minha primeira experiência com Metodologia Ágil. Assim como nas empresas, também tive impedimentos externos, como a faxineira que queria limpar os azulejos e brigava comigo para tirar os post its e tal. Mas no fim deu tudo certo e eu estava imensamente feliz por fazer acontecer!

Quanto a empresa em que eu trabalhava, poucos meses depois chegou uma “onda” de Ágil e logo recebi alguns projetos web para desenvolver. Passei quase 2 anos implantando metodologia nessa empresa e aprendi que Metodologia Ágil não se aplica em empresas que possui muitos sistemas legados, muitas dependências de terceiros e principalmente, não se aplica em pessoas que não querem evoluir, aprender. Por esses motivos que citei, tive grandes dificuldades com a implantação de Metodologia Ágil, mas consegui desenvolver os projetos e entregar até o fim. Nunca deixei de trabalhar sorrindo, porque eu amava o que estava fazendo, pois via valor na entrega, via o quanto a equipe estava feliz em fazer parte de algo diferente. Coloquei na minha cabeça que se o local que eu estava não era ágil como eu (rs), eu teria que encontrar um outro lugar para trabalhar e foi justamente o que aconteceu. Tive oportunidade de não só, implantar Agilidade numa empresa menor, como aprender novas dinâmicas e facilitações ao longo dos anos. E a lição aprendida que tirei das dessas duas empresas foi que implantar Metodologia Ágil em empresa grande de grande porte, com legado e pessoas desmotivadas não é a mesma coisa que implantar numa empresa pequena, sem metodologia de trabalho, com pessoas novas, buscando algo legal pra fazer. A resistência na empresa pequena é muito menor do que numa maior, devido ao numero pequeno de pessoas e a quantidade menor de burocracias.

Logo, esse post eu escrevi para dizer que a Metodologia Ágil não faz milagres. Agilidade não é magia! Ela faz melhorias no seu processo de trabalho e só será eficaz se você e todos os demais que estão envolvidos, estiverem comprometidos com a implantação, com o desenvolvimento e o resultado. Inclusive a alta direção, que deve blindar e apoiar esse trabalho.

Um conselho que deixo… toda vez que for experimentar algo novo, comece pequeno e vá aumentando o ritmo de acordo com a quantidade de trabalho! Assim você se sentirá mais flexível as mudanças que podem ocorrer!

Espero ter ajudado!

Até mais amigos 🙂

4 comments to “Agilidade… Quais as verdades sobre esse assunto!”
  1. Adorei o post, exatamente o que estou passando na empresa onde trabalho! Implantar processo em uma organização com pessoas desmotivadas, que não aceitam mudança, com sistemas legados.. É uma luta diária, mas assim como você também amo o que faço, e a experiência é muito válida! Parabéns =)

    • Eu sempre acho que vale a pena compartilhar meus momentos, conhecimentos e experiências com as pessoas porque sempre passamos por situações parecidas. Se tivermos exemplos fica mais fácil de sabermos se estamos no caminho e eu fiquei muito feliz de saber que o meu post te ajudou de alguma forma. Não desanime! Nenhuma luta dura pra sempre 😉 Obrigada!

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